"As definições de escravidão foram atualizadas ou “Homo homini lupus”

Nesta foto, vemos uma jovem pedalando sem capacete, sem nenhum vínculo empregatício e sem nenhum direito trabalhista entregando comida de um restaurante que não é onde ela trabalha para alguém que a pediu por um aplicativo milionário que também não é onde ela trabalha.

Usando uma bicicleta que não é sua e pela qual ele paga para usar a um banco bilionário que também não é onde ela trabalha.

Na verdade, ela não trabalha em nenhum lugar, porém trabalha muito (e provavelmente recebe pouco). Mas acredite: há quem diga que isso é "oportunidade", "empreendedorismo" ou "criatividade do brasileiro". Eu tenho outros nomes: servidão e escravidão.

Servidão, pois, CONSCIENTEMENTE, na teoria, ela concordou em servir o sistema capitalista em troca de um valor. Escravidão, pois, diante das circunstâncias, ela, INCONSCIENTEMENTE, na prática, se escravizou em troca de um valor.

Se ela: - cair, - se machucar, - for roubada, - for estuprada numa emboscada, - for atropelada, enfim, - morrer, ... ...azar o dela. Ninguém mais será responsável e muito menos arcará com os prejuízos pela fatalidade. E, repito, há quem acha isso "normal" e ainda incentiva: "força de vontade". Thomas Hobbes afirmou em Leviatã (1651) que o "homem é o lobo do homem" (“homo homini lupus”). Segundo Hobbes, em um estado natural, o individualismo humano o compele a viver em guerra uns com os outros. Portanto, para ele, é de nossa natureza usurpar e explorar outros seres humanos. Isso revela que o homem é o predador do próprio homem, sendo um vilão para ele próprio.

Em essência, ainda estamos em 1651." Jorge Luiz Souto Maior, Desembargador do TRT da 15ª Região.

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